A sigla ESG (Environmental, Social and Governance) – que se refere a questões ambientais, sociais e de governança – se tornou um dos assuntos mais pesquisados no mundo; e aqui no Brasil não foi diferente. O conceito tem usos diferentes, podendo ser aplicado na gestão da empresa, por quem participa dela (internamente) ou para quem analisa a empresa de fora (externamente). Sabemos que a melhor forma de saber se uma companhia é sustentável é avaliando seu desempenho pelos critérios ESG. Da mesma maneira que a melhor forma de sua empresa ser sustentável é colocando em prática os critérios ESG na estratégia de negócios.
Só que mesmo sendo uma via de mão dupla, é preciso que o ESG seja encarado, antes de tudo, como uma ferramenta de gestão, e visto não só como uma tendência, e sim uma necessidade. De acordo com o professor de ESG do Instituto Latino-Americano de Governança e Compliance Público (IGCP), Luiz Goi, nos dias de hoje, as empresas e instituições que avaliam suas atividades sem estabelecer planos relacionados às práticas ambientais, sociais e de governança já começam a ter dificuldades em captar recurso de forma mais atrativa, de conseguir investidores e ainda precisam aumentar suas ofertas para competir no mercado.
“Essa temática nos trás, claramente, a percepção de que o ESG não é só uma tendência, e sim um conceito que vai ser a base para qualquer instituição que deseja ser protagonista. Com a mudança geracional, principalmente, podemos perceber que a priorização para com empresas que tem uma cultura ESG estabelecida é notória, e, assim, passaremos em um futuro próximo a separar as instituições em empresas competitivas e empresas sem ESG”, afirma.
Segundo o professor do IGCP, o ESG é, em síntese, a mudança de percepção do capitalismo dos anos 70, que trazia a mensagem de Milton Friedman que “a principal responsabilidade social das empresas é aumentar seus lucros” (que chamamos de capitalismo de shareholders). Ele alerta que é importante entendermos que nem sempre a geração de valor acontece financeiramente; e por isso, as empresas precisam estar por dentro de quais temas principais (também chamados de temas materiais) são válidos para cada um dos stakeholders, ou seja, partes interessadas (fornecedores, acionistas, colaboradores, comunidade local, governo e etc) e, com isso, atuar para que eles passem a ser seus aliados em sua jornada.
O fato é que o ESG já se tornou um tema obrigatório para as organizações, inafastável do desenvolvimento e crescimento dos negócios no mercado. E, segundo a coordenadora do Comitê de ESG da Rede Governança Brasil (RGB), Mariana Covre, chegou o momento de encararmos o crescimento dos negócios de maneira inseparável à preservação e valorização de princípios intrínsecos às necessidades da humanidade; afinal, sem as pessoas não há consumo, e logo, não há negócios.
“É chegada a era das empresas não mais se organizarem apenas para geração de negócios produtivos e lucrativos, que cresçam indiscriminadamente sem observar e se adequar ao ambiente em que se desenvolvem. É um caminho sem volta; afinal, retroceder na pauta ESG é certamente colocar em risco a vida do homem no planeta. E isso não apenas por conta das visíveis e impactantes mudanças climáticas. Trata-se da mudança na maneira de enxergar do próprio homem em relação às variações do ambiente em que vive. O consumidor moderno e rentável não tolera mais produtos que degradem o meio ambiente ou serviços que desvalorizem os direitos humanos alcançados historicamente com tantas lutas. Encarar isso é agregar valor aos negócios”, relata.
Em um recente levantamento para controle das políticas públicas voltadas ao desenvolvimento industrial no Brasil, o Tribunal de Contas da União (TCU) – principal órgão de controle no país – reconhecendo o papel relevante e decisivo da indústria brasileira para a economia e para o desenvolvimento social do país, enfatizou que “a indústria representa segmento da economia com a característica de gerar substancial valor agregado”. Esse “valor agregado” está intimamente ligado à adoção inafastável de práticas efetivas de ESG, que para além de exigidas no atual cenário, passarão também a serem fiscalizadas em suas reais entregas.
Mas a reflexão que queremos fazer aqui é que as pautas cada vez mais faladas e demandadas na trilogia “Ambiental, Social e Governança”, conhecida como “ESG”, buscam ir além da longevidade que se pretende para os negócios das empresas. Tratam, em primeiro lugar, de garantir a sobrevivência e a perpetuação da própria espécie humana no mundo.
Assim, se há tendência, advinda de direcionamentos de comportamento, posicionamentos ou consumo, sempre tendo o viés econômico como pano de fundo, devemos avaliar as tendências das populações para os serviços e produtos que consomem. Pois, somente há espaço para se desenvolverem, se observados os menores impactos ao meio ambiente; o garantismo de direitos humanos (em especial às minorias) e tudo realizado por meio de processos decisórios direcionados com clareza, transparência e confiabilidade.
Vale lembrar que no final do ano passado o Instituto Latino-Americano de Governança e Compliance Público (IGCP) foi o ganhador do Prêmio Marco Maciel, concedido pela Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig), na categoria “ESG e Compliance em RIG”, com o Case da Rede Governança Brasil (RGB). Esta categoria – que foi uma das mais concorridas do prêmio – tem como objetivo reconhecer instituições públicas e privadas que adotem ações, programas e projetos de ESG (ambientais, sociais e de governança), para promover a melhoria das condições socio-ambientais do planeta, colaboradores e stakeholders, com a implementação de processos de governança e compliance adequados.
Assessoria de Comunicação do IGCP
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